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18 de nov. de 2015

Aquele amor que eu não vivi


Hoje parei por um instante e viajei longe. Me lembrei de um daqueles amores que chegam e saem na mesma velocidade. Tumultuam e somem. Ou simplesmente não tem intenção de ficar. O conheci sentado na mesa de um bar, assistindo ao jogo de domingo com uma pá de amigos. Era um clássico, o bar estava cheio, mas apenas uma coisa ali me prendeu a atenção. E não era o meu time na tv, jogando contra o dele. Era ele tranquilo, olhando pro celular de 3 em 3 minutos e respondendo alguém. Eu esperei que não fosse sua namorada. Podia ser uma tia, um primo, ou seu pai na estrada querendo saber como estava o jogo. Mas eu não queria que fosse ela. Acho que eu havia chegado a conclusão de que ele era do tipo que não gostava de se prender ou de ter alguém no seu pé. Principalmente no meio do seu jogo. Ou talvez eu estivesse delirando demais naquela boca que abriu um sorriso lindo quando me viu, naqueles olhos grandes e escuros e naquela barba mal feita que nunca ficara tão bem em alguém como ficou nele, que não queria que isso tudo já fosse de alguém. A verdade é que mesmo sem saber se existia realmente alguém, eu já tinha me preparado para isso. Estava acostumada a chegar atrasada. Eu sempre chegava. Percebi que todos me olhavam parada, de pé, e resolvi sentar. A minha vontade era me sentar com ele, fazê-lo rir com minhas babaquices, contar dos meus problemas e discutir sobre qual time era o melhor. Queria mostrar o meu batom novo e ouvi-lo dizer que combinava com meu cabelo. Queria saber seus gostos, perguntar sobre sua vida e descobrir se era tudo que eu imaginei ser desde a primeira vez que o vi. Bem humorado, inteligente, engraçado. Aquele tipo que faz alguém se sentir bem só de estar junto. Fui interrompida nos meus pensamentos quando começou uma gritaria ao meu redor. Gol. E do time dele. Olhei rapidamente pra ver sua comemoração e ele estava feliz, pedindo pra descer mais uma porque o gol merecia. Resolvi ir ao banheiro, passar uma água no rosto e me livrar daquela paixão instantânea que havia aflorado em mim e que não me levaria a nada. Eu não o conhecia, e também não acreditava em amor a primeira vista. Pedi uma bebida e fui me sentar. Mas no meio do caminho ele atrapalha meus planos. Pergunta meu nome, diz que me viu sozinha e que uma moça como eu não merecia ficar ali, sem nenhuma companhia. Sentou na minha mesa, e ali passamos a tarde conversando. Não tive tempo de reparar tudo o que me chamou a atenção de primeira. O assunto estava mais interessante. Tive a certeza de que estava certa. Ele era exatamente o que eu imaginei que fosse. Na verdade, era melhor. O jogo acabou, seu time foi campeão e o bar já estava praticamente vazio quando ele disse no meu ouvido que tinha adorado me conhecer e que já estava de saída. Há muito tempo eu não me sentia tão bem com alguém, que queria só mais vinte minutinhos ali. Mas me despedi. Cheguei na porta de saída com mil borboletas sobrevoando o meu estômago. Estava me sentindo como uma adolescente apaixonada. E por alguém que eu acabava de conhecer. Estranho, eu sei. Mas eu sou assim mesmo, então nem me surpreendi. Mas eu sabia que não devia me empolgar tanto. E estava certa mais uma vez. Vi de longe ele ao telefone. Esperei pra escutar e então ele disse: “Amor, o jogo acabou. Estou passando pra te buscar.” Era ela, que eu havia suspeitado desde o início... A minha sorte é que meu coração já estava amortecido para a próxima queda.

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